Eterna sonhadora e idealista inconsolável, cheia de profundas convicções. Outrora cheia de certezas, diariamente invadida por dúvidas existenciais.
Se me perguntarem ‘quem sou?’, eu digo que não sei. Não sou um nome, um ideal ou uma convicção, um conceito definitivo ou uma circunstância. O que é a vida senão um reflexo daquilo que somos? Sou apenas um reflexo de mim mesma. Sou uma amálgama de ínfimas coisas e de tudo isto ao mesmo tempo.
Ora estóica como um monge, inabalável e que cultiva a superabundância interior, ora epicurista, desenfreadamente em busca dos prazeres terrenos.
Atraída pelo devocional azan muçulmano e pelo misticismo budista, desde que me lembro de ser pessoa que imagino recolher-me na vida monástica. É claro que isso inclui viver num templo budista de difícil acesso no meio das montanhas (para lá chegar só mesmo montada num Iaque ou só através de trekkings longos e dolorosos devido à altitude), ficar careca, envergar o tradicional kasaya vermelho e viver num estado de equanimidade até ao resto da vida.
Alienada por demasiadas fronteiras de interesses, perdida no barulho da sociedade, sedenta do bem, com sede do mundo – esta sou eu. Na maior parte do tempo não é fácil ser esta eterna insatisfeita. Este diário serve como um desabafo cru das minhas inquietudes, histórias, aventuras, tormentos, vitórias e devaneios.