Mulher a olhar pela janela

Novos desafios…em Bruxelas

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É impossível não me sentir como uma adolescente num quarto repleto de posters e de fotografias de photo booths e de polaroids coladas com washi tape na parede. Bruxelas 

Fiz 29 anos no dia 3 de outubro. Não, não estou a sofrer com o passar do tempo – adoro celebrar aniversários. É a desculpa perfeita para juntar aqueles que nos são especiais, para celebrar a vida em todo o seu esplendor. Bruxelas 

Ainda assim, estas datas dão-nos espaço para reflectir, para olhar para trás e para fazer uma retrospectiva da nossa vida, do lugar que ocupamos no mundo, de como o ocupamos, de onde e como estamos e para onde e como queremos ir.

Apanhei o avião para Bruxelas no dia 29 de Agosto. Acordei de madrugada. Uma neblina ligeira cobria o céu azul e alaranjado. Ao olhar para o céu cor de tangerina que me reconfortava o espírito, senti saudades de um passado que ainda não o era. Naquele momento, e embora ainda ali estivesse – na minha casa, no meu quarto – senti saudade do céu do meu país. Senti saudades das pessoas de quem me tinha despedido na noite anterior e do quotidiano que levara até então.

Quinze dias depois de despejar um rol de crises existenciais sobre o meu futuro profissional aqui, recebi uma boa proposta de emprego em Bruxelas. Depois de centenas de candidaturas, cinco assignments (hei-de escrever sobre isto num outro post) e cinco entrevistas de emprego, consegui entrar no mercado de trabalho belga – uma porta para o mundo.

Já se passou mais de um mês. A adaptação ao novo emprego foi e continua a ser desafiante, mas cumpri o meu objectivo inicial de entrar no mercado profissional de Bruxelas – um mercado altamente competitivo e exigente devido a uma série de factores que posso abordar num próximo post. Apesar do emprego ser novo, a adaptação ao novo quotidiano foi mais simples. Já conhecia a cidade e quanto à casa, tenho de a sorte de a puder partilhar com a R.

Em Portugal, nos meus tempos áureos (meu deus, estou assim tão “velha”?) nunca tive a experiência de partilhar a casa. Mudar de país e sair da casa que contruí (e que escrupulosamente decorei com o E), e passar a partilhar uma casa aos 29 anos é realmente uma experiência surreal e, claro, extremamente geracional e contemporânea.

Ao fim de semana eu e a R vamos passear pela cidade, encontrando conforto nas luzes da cidade, no ligeiro cheiro a baunilha do Gaufre 🧇 caramelizado e nas lojas das plantas que compramos para transformar a nossa casa no nosso lar.

Conforto

Encontrar conforto no nosso espaço é especial e importante. Não é o materialismo do que me rodeia que me conforta. É o significado e o sentimento de bem-estar que carregam os objectos que vejo, que me dá alento. Desde as folhas secas em cima do armário até às fotografias que colei com washi tape na parede.

Celebrei o meu 29 aniversário longe de Portugal. Mas ainda assim, aqueles que nos amam encontram sempre forma de nos reconfortar nos nossos dias mais especiais. Em Bruxelas, celebrei esta data com amigos especiais num restaurante escolhido como surpresa. Cantou-se os parabéns em três línguas e no final tirou-se uma fotografia com a máquina instantânea. Mesmo estando longe, tenho a sorte de ter amigos que me fazem sentir em casa.

No final do dia, colei a fotografia instantânea com washi tape no armário. Naquele momento, eternizei a fotografia instantânea no espaço em que habito e em mim, para toda a eternidade.

Separador

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New challenges – Bruxelas

It’s impossible not to feel like a teenager in a room full of posters and photographs of photo booths and polaroid’s glued with washi tape to the wall. 

I turned 29 on the 3rd of October. No, I am not suffering with my aging process – I love celebrating birthdays. It is the perfect excuse to bring together those who are special to us, to celebrate life in all its splendour. Bruxelas 

Nevertheless, these dates give us space to reflect, to do a personal retrospective, a look back on our life, on the place we inhabit in the world, how we inhabit it, where and how we are and where and how we want to go.

I flight to Bruxelas on the 29th of August. I woke up at dawn. A light mist covered the blue and orange sky. By looking at the tangerine-coloured sky that comforted my spirit, I missed a past that did not yet past. At that moment and although I was still there – in my house, in my room – I missed the sky of my country. I missed the people I had said goodbye the night before and the daily life I had led until then.

Fifteen days after pouring out a list of existential crises about my professional future here, I received a good job offer in Brussels. After hundreds of applications, five assignments (I will write about this later on) and five job interviews, I managed to enter the Belgian job market – a gateway to the world.

A month has passed. Adjusting to a new environment and to a new job is challenging but I fulfilled my goal of entering the professional market in Brussels – a highly competitive and demanding one due to a number of factors that I can address in a next post. Although the job is new, establishing a new daily routine and adapting to the new normal was simpler. I already knew the city and as for the house, I am lucky to be able to share it with R.

In Portugal, in my heydays (god, am I that “old”?) I never had the experience of sharing an apartment. Moving to another country and leave the house I’ve built (and that I’ve scrupulously decorated with E), to start a house sharing experience at 29 years old is surreal and extremely generational and contemporary experience.

At the end of the week, R and I usually go for a walk around the city, finding comfort in the city lights, in the glazed and delicately caramelised, deliciously and crisp Belgium Gaufres 🧇 and in the plant shops full of green goodies we buy to transform our house into our home. Bruxelas

Comfort

Finding comfort in our space is special and important. It’s not the materialism of what surrounds me that comforts me. It’s the meaning and feeling of well-being that the objects carry that gives me encouragement. From the dry leaves on top of the closet to the polaroid photos that I glue with washi tape on the wall.

I celebrated my 29th birthday away from Portugal. Even so, on our special days, those who love us find always a way to comfort us. In Brussels, I celebrated this date with a special bunch of friends at a restaurant chosen by one of them as a surprise. Happy Birthday was sung in three languages. At the end we took a group photo with the instant camera. Even though I am far from my country, I am lucky to have friends who make me feel at home.

At the end of the day, I glued the instant photo we took with washi tape in the closet. At that moment, I eternalised that instant photo where I live but also in myself, for all eternity.

Assinatura a eterna insatisfeita