Janeiro 2023, Bole Bulbula, Addis Ababa, Etiópia
Janeiro marca o meu décimo mês na Etiópia. A oportunidade de viver neste país tem-me permitido desconstruir e alargar a minha visão do mundo, ponderar novas perspetivas e opiniões e, acima de tudo, reconhecer e valorizar o privilégio de ser europeia. Parti de Bruxelas rumo à Etiópia com apenas duas semanas de aviso. Numa luta contra o tempo, foi numa viagem de carro rumo à consulta do viajante, que tive tempo de ler e pesquisar mais sobre o país. Entre diversos artigos sobre a guerra em Tigrai e sobre o maravilhoso café etíope, a tendência no motor de busca era clara. A maioria dos artigos encaminhavam-me para os “Do’s e Don’ts” na Etiópia. Olhando para trás, e no meio de tanta leitura, o certo é que nada me poderia preparar para o que aí vinha.
O que aprendi a viver na Etiópia:
1. Os etíopes não se consideram africanos: é estranho, é bizarro, mas é real. Uma amiga contou-me que, depois de partilhar com um colega etíope que ia viajar, ele perguntou-lhe “Vais viajar para África?”. Nas pausas de trabalho, quando vou tomar café com a minha colega do Gana, os locais abordam-nos a ambas (eu por ser branca e ela por ser…sim, africana). Nada passa despercebido aos olhos atentos e opinativos dos locais.
2. Os etíopes são extremamente orgulhosos do seu país e cultura ancestral. Em primeiro lugar, devido ao facto de a Etiópia ser um dos países mais antigos do mundo onde algumas das primeiras civilizações humanas se estabeleceram. Em segundo lugar, a Etiópia distingue-se da maior parte das restantes nações africanas por resistir com sucesso à colonização europeia e a diversas tentativas de ocupação desde a Antiguidade. Os diversos marcos arqueológicos descobertos no norte do país, em particular a descoberta da “Lucy”, o fóssil de 3,2 milhões de anos mais antigo da humanidade, valeu-lhe o título da “Land of Origins” – um slogan orgulhosamente manifesto nos cartazes espalhados pela capital e popularizado pela transportadora aérea nacional, Ethiopian Airlines, que por si só, é também um dos grandes motivos de orgulho do país autodenominando-se como o “The New Spirit of Africa”..
3. Acreditem quando vos digo que não obtenho particular prazer em falar deste tópico, por saber que pode ser controverso. Ainda assim, considerando a minha experiência a viver no país e incontáveis partilhas com estrangeiros e locais, é com segurança que partilho: os etíopes são desconfiados e hostis para com os estrangeiros. Quer seja na rua, no café, no mercado ou na padaria, um turista ou residente estrangeiro vai certamente ouvir os locais a chamarem-lhe Farenji (estrangeiro ou o equivalente a “camone” em Portugal). Os etíopes são denominados como habeshas e os estrangeiros como farenji. Nas mais simples interações, quer seja a comprar fruta ou pão, o que muitos locais vêm é um farenji a invadir a rotina dos seus dias sem o seu consentimento.
4. A Etiópia é um país de contrastes profundos e a mendicidade no país é rei. O orgulho etíope contrasta com a mendicidade omnipresente no país. Quando cheguei à Etiópia, comecei a perceber o seguinte: embora os locais me olhassem com desconfiança e até desdém, não se imiscuíam de me exigir dinheiro. São incontáveis as vezes em que fui bloqueada por locais que rapidamente me esticavam a mão, exigindo hostilmente, dinheiro. A mão esticada é geralmente acompanhada por uma postura intransigente e sobrancelhas franzidas numa clara expressão de raiva: “Give me money! Give me money now!”.
Este estranho contraste é explicado por Charlie Walker, aventureiro e autor britânico que percorreu mais de quarenta países africanos de bicicleta, no seu artigo sobre a Etiópia, onde afirma “A Etiópia é país que tem recebido mais ajuda estrangeira do que qualquer outro, exceto o Iraque e o Afeganistão. Esta cultura de acolhimento levou possivelmente a que os etíopes pouco instruídos vissem os estrangeiros simplesmente como dinheiro, não como pessoas. A reação quase reflexiva de apresentar uma palma aberta e expectante ao ver um estrangeiro (farenji) não encaixa exatamente no orgulho nacional numa história de conquista imperial, força e independência.”
A adicionar ao testemunho de Walker, posso partilhar a minha prórpia experiência: numa ocasião, estava eu a tomar café numa esplanada com o E. (que ficou dois meses a viver comigo no país). Ao nosso lado, estava um casal jovem etíope. Ao de longe, um local viu-nos a tomar café e apressou-se a abordar-nos do lado de fora da esplanada para nos exigir dinheiro. Depois de várias tentativas falhadas a levantar a voz e a bater agressivamente com a mão na parede que (felizmente) nos dividia, o local fez uma expressão que mais posso assemelhar a uma cobra – franziu a testa, contraiu o nariz, franziu a boca, colocou a língua por entre os dentes, e fez o semelhante ao barulho das cobras “zzzzz”. Além desta experiência, o que me deixou estupefacta foi o facto de o casal jovem ao nosso lado ter parado de conversar para assistir ao espetáculo, mas ter-se imiscuído de intervir num gesto de apoio e humanidade. Não me interpretem mal – tenho consciência da pobreza e dificuldades profundas que a maioria da população na Etiópia passa. Caso me faltasse compaixão e tolerância, não aqui andava. Mas mendigar intimidando agressivamente a outra pessoa, não é receita para ser bem sucessido e pode até qualificar-se como uma agressão (no meu dicionário claro).
Considerada uma “anomalia na região” por Walker, a Etiópia distingue-se dos restantes países africanos na medida em que a população urbana é mais amigável e acolhedora do que a população rural (e eu estou totalmente de acordo). Na sua travessia de bicicleta pela Etiópia, Charlie Walker, foi ameaçado por adolescentes e crianças que lhe atiravam pedras com o tamanho de bolas de golfe, provocando-lhe quedas de bicicleta, dor e profunda irritação. O comportamento dos mais jovens, que atiravam pedras ao forasteiro, divertia e alegrava os adultos, que se riam desenvergonhadamente. O próprio escreve: “Além dos gritos e das pedras, um rapaz que me pediu dinheiro, ao ser ignorado, gritou “fuck you, fuck you, fuck you!” repetidamente e cada vez mais alto até eu ficar sem ouvidos. Presumo que tenha aprendido estas palavras com um turista frustrado. Numa pequena aldeia, parei numa bomba de água para encher as minhas garrafas e as pessoas exigiram-me dinheiro. Atrás deles, um grande sinal anunciava que a bomba tinha sido doada pela União Europeia (UE)”.
Não preciso ler o testemunho de Walker para acreditar na sua história. Eu própria, tendo viajado para fora da capital, testemunhei o mesmo. Não é preciso ir a zonas rurais para perceber a inimizade dos locais face aos estrangeiros. Numa viagem a Harar, uma cidade muçulmana com uma população de cerca de 75 mil habitantes, eu e um grupo de amigos fomos sistematicamente abordados por crianças e adultos, que nos agarravam e apertavam os braços, nos puxavam a roupa e nos chamavam, entre risos, farenji. É de salientar que estávamos na companhia de um guia turístico etíope e que, nem isso, dissuadia os locais de nos bloquearem o caminho e agarrarem agressivamente os braços. É claro que existem exepções e pessoas de sorriso fácil, mas esta é a impressáo geral do acolhimento etíope nas zonas mais rurais e interiores do país, face aos estrangeiros.
5. A Etiópia é um país com paisagens incríveis e um paraíso para os amantes de trekking. O norte do país divide-se em duas regiões geográficas: as Terras Altas (“Ethiopian Highlands”) a oeste, onde se encontra a montanha de Ras Dashen, mais conhecida como o ponto mais alto da Etiópia e o quarto mais alto de África, com 4550 m de altitude. É também nesta zona que se localizam as Montanhas Semien, que integram a lista do património mundial pela UNESCO, e onde se pode observar o babuíno-gelada, uma espécie de primata que vive apenas nesta região, em particular no Parque Nacional do Simien. Além das paisagens montanhosas das Terras Altas, a zona norte do país está envolta de uma importância histórica singular, devido aos achados arqueológicos descobertos na zona há mais de 3 milhões de anos e à importância simbólica da região na era cristã. Entre os seus locais emblemáticos está Lalibela, uma cidade subterrânea composta por onze igrejas esculpidas no subsolo, com ligação entre si. As igrejas foram mandadas esculpir pelo rei Lalibela no século XII, de forma a servir de local de peregrinação e devoção aos cristãos que não podiam visitar a cidade de Jerusalém por estar dominada pelos árabes. A peregrinação a Lalibela, tem o caráter de uma viagem a Jerusalém e é hoje uma das cidades mais sagradas para a Igreja Ortodoxa Etíope, juntamente com a cidade de Axum e Gondar, também localizadas no norte do país.
A segunda região geográfica do norte distingue-se pela região de Afar a este, onde se localiza a impressionante Depressão Danakil – nem mais nem menos de que o local mais quente do planeta terra com uma temperatura média de 34 °C, e um dos locais mais inóspitos do mundo. Localizada a sul da Eritreia e em boa parte do Djibuti, esta maravilha geológica é habitada por um dos povos étnicos mais ferozes e seculares da Etiópia: os Afar. Palco de rixas entre etíopes e eritreus e com um historial de turistas sequestrados e mortos, a Depressão Danakil não deixa indiferente quem lá passa. A Depressão de Danakil localiza-se na convergência de três placas tectónicas que se separam lentamente, à medida que a superfície se afasta e se afunda, fazendo desta zona um dos pontos mais baixos do planeta, chegando aos 100 metros abaixo do nível do mar. A área, onde as três placas tectónicas se juntam, alberga um vulcão ativo. Apesar de hostil e inóspito, esta zona de aparência alienígena é populada pelo povo Afar – pastores nómadas que vivem em casas feitas em folhas de palmeira e que, para sobreviver, transportam blocos de sal em camelos, ao longo de trilhos longos e extenuosos.
Visitar este local pode parecer sedutor, mas entrar em Danakil exige autorização e só é possível viajar com agentes turísticos qualificados que, na sua maioria levam consigo polícias e membros do exército para proteger os poucos turistas curiosos que por lá passam. Uma viagem de cinco dias pode custar milhares de euros. Por lá, muitos turistas já perderam a vida às mãos de grupos rebeldes eritreus ou etíopes.
Já o sul do país distingue-se por ser menos montanhoso e árido, e pelas suas paisagens verdejantes. Em particular, a região do Vale do Omo (“Omo Valley”), serve de lar a um vasto grupo de comunidades tribais ancestrais que personificam o berço da humanidade. O Omo Valley é também Património Mundial da UNESCO devido às descobertas arqueológicas e fósseis humanos com cerca de 2,5 milhões de anos, encontrados na região. Por ser uma zona de difícil acesso, as tribos preservaram os seus costumes ancestrais e a paisagem manteve-se extraordinariamente selvagem.
O rio Omo coloca-se como o coração da região é, fluindo das montanhas do sul da Etiópia, através de vastas savanas e do deserto, desaguando no Lago Turkana, no Quénia. O turismo é hoje um fator essencial para a sobrevivência das tribos indígenas, que sofrem com a escassez de recursos hídricos, violência e lutas étnicas. O turismo é, por isso, vital para ajudar a apoiar as comunidades indígenas do Omo Valley.
Infelizmente, durante a minha estadia na Etiópia não consegui visitar a região do sul do país ou mesmo a Depressão de Danakil – parte devido à dificuldade em encontrar agências turísticas de confiança e com qualidade, aos preços elevados das atividades turísticas e à falta de infraestrutura do país. Na Etiópia, a relação preço-qualidade é abismal: contratar um serviço turístico custa milhares de euros, mas não garante qualidade. A falta de infraestrutura e a falta de conhecimento dos agentes locais sobre como operar viagens turísticas em comparação com autoridades governamentais ou agências de desenvolvimento externas, contribui ainda para que a grande dificuldade dos viajantes em explorar a Etiópia.
6. Na Etiópia, o dinheiro é rei – principalmente o dinheiro dos investimentos estrangeiros em vários setores prioritários de desenvolvimento no país. A China coloca-se como o principal credor e parceiro comercial da Etiópia, com cerca de 4 mil milhões de dólares investidos em projetos no setor da construção civil, infraestrutura aérea e rodoviária.
Apesar do investimento na infraestrutura do país, a Etiópia continua a deparar-se com problemas estruturais como a falta de garantia de recursos básicos à população, os altos níveis de pobreza, a falta de acesso a saúde e água potável, fome nas regiões mais afastadas da capital e os conflitos étnicos no país.
Qualquer turista ou estrangeiro que visite a Etiópia não passa despercebido ao crescimento galopante de edifícios megalómanos, que são construídos a um ritmo e a uma quantidade alucinante por toda a cidade de Addis Ababa e noutras zonas do país. Esta construção desmedida de novos edifícios causa uma redução dos espaços verdes e um descontrolo da poluição e nos níveis de lixo produzido na cidade. Mas tal não se resume à capital. Uma vez fui de fim-de-semana para um hotel localizado à frente do lago Bishoftu, fora de Addis Ababa, conhecido pela sua beleza natural. Mas qual foi o mesmo espanto quando, ao tentar tomar um café e apreciar a beleza da paisagem, tudo o que conseguia ouvir era o estridente som de um edifício de cimento colossal que devastava a paisagem, a ser construído do outro lado do lago. É triste observar que as paisagens idílicas da Etiópia estão a ser destruídas pela construção de edifícios colossais.
Na cidade, estas construções megalómanas contrastam com outros edifícios devolutos e envoltos de entulho e com bairros de lata onde vivem as populações mais pobres. Morar num edifício moderno em Addis Ababa significa, quase sempre, morar ao lado de casas classificadas como “bairros de lata”, onde vivem etíopes sem acesso a serviços básicos, como de água e saneamento.
Essencialmente, viver num edifício moderno em Addis Ababa não garante o acesso a recursos básicos como a eletricidade ou saneamento. A ironia é que, ainda que os edifícios sejam modernos, o governo não garante a providência dos recursos básicos a quem lá vive. Saltar um nível: esta é a tendência comum na Etiópia e (como pude verificar) em muitos outros países africanos, que constroem edifícios megalómanos a um ritmo veloz sem antes garantir o acesso de recursos básicos à população. Em África, é quase como se tivessem numa luta contra o tempo: constroem-se edifícios que comprometem a estética urbana, a herança cultural e a saúde ambiental, em nome do desenvolvimento desenfreado.
Eu própria vivia num apartamento moderno, fora da cidade, com gerador e tanque de água. Mas isso não me garantia o acesso a água ou a luz. Na zona onde vivia (ocupada exclusivamente por locais de classe média e baixa), a água era racionada pelo governo, que fornecia água na zona durante apenas duas vezes por semana. Nos restantes dias, aqueles que viviam sem tanque de água, ou que viam a água do tanque dos seus apartamentos terminar (como acontecia repetidamente no meu caso), os residentes ficavam sem água durante dias. O mesmo se passava com a eletricidade e a internet, que era cortada ininterruptamente, mas sem qualquer aviso prévio. Já foram mais as vezes que consigo contar nos dedos de duas mãos, que fiquei sem água, eletricidade e internet durante dias e semanas a fio. Diria que todas as semanas, tanto a água, a eletricidade ou a internet faltava. TODAS AS SEMANAS. DURANTE UM ANO. O que aprendi com isto: a não entrar em ebulição e mandar tudo à m**** e a ser mais paciente.
7. A comida etíope é maravilhosa. A Injera, o alimento base da cozinha tradicional da Etiópia, é feito com farinha de teff, um cereal que cresce apenas nos planaltos etíopes. A injera é um pão fermentado, sem glúten, fonte de carboidratos e proteínas e rica em ferro e cálcio e é consumida em todas as refeições, à mão. Quando digo todas, é mesmo TODAS. A textura da injera é esponjosa e ligeiramente ácida, o que a torna perfeita para absorver os molhos ricos e picantes da culinária etíope. Acredita-se que a origem da Injera remonta há mais de dois mil anos. A injera está presente nos vários pratos tradicionais etíopes, compostos por uma grande seleção de molhos especiais, picantes, grãos, peixe ou carne. Dos mais consumidos e os meus favoritos são: Doro Wat, Chechebsa, Shiro Wat e Tibis.
Regra geral, a Injera é um prato partilhado coletivamente e o costume é o de alimentar as pessoas que se amam, à mão. Esta prática está enraizada na cultura do país, e descreve-se como Gursha: o ato de alimentar alguém que se ama com um pedaço de comida, muitas vezes como um gesto de hospitalidade e amizade. É uma prática comum na cultura etíope, onde partilhar comida é um símbolo de carinho, amor ou amizade. A parte divertida é que, no final de uma refeição tradicional, é-nos servido o famoso café etíope (também conhecido como bunna) num recipiente tradicional de cerâmica que se chama Jebena, juntamente com pipocas, que são servidas como petisco.
8. Na Etiópia, a cerimónia do café é parte integrante da vida social e cultural. Os familiares e amigos reúnem-se para confraternizar enquanto o café é preparado num processo moroso e complexo que envolve várias etapas. Recordo com carinho as idas diárias ao café com as minhas colegas de trabalho. Logo de manhã, ao pequeno-almoço, bebíamos café com fatira – uma deliciosa panqueca crocante de farinha de trigo e manteiga derretida, servida com mel. Já a segunda ida ao café, decorria depois do almoço, onde tomávamos o bunna tradicional servido nos copos de cerâmica coloridos com a cor da bandeira da Etiópia, servidos com café quase a transbordar. Um deleite para os sentidos. Disto sim, sinto muitas saudades!
De forma a terminar o artigo numa nota positiva e de forma a ficar registado para a posteridade, fazendo uma retrospetiva da minha missão na Etiópia, relembro as conquistas pessoais e profissionais que esta experiência transformativa teve em mim.
- No último ano, cumpri os mais altos índices de excelência profissionais
. - Usei a minha resiliência como escudo num país com imensos desafios sociais e culturais e, provei a mim própria, estar à altura da mais alta pressão e expectativas profissionais
. - Em março de 2023, tive a sorte de fazer um retiro de equipa e viajar com colegas rumo à cidade de Lalibela. Acabei por tirar da minha lista a visita, já muito desejada, áquela que é uma das cidades mais sagradas do mundo ortodoxo e do continente africano. O retiro de equipa, que decorreu apenas uma semana antes do meu regresso permanente a casa, deu-me a oportunidade de me despedir dos colegas e da minha equipa, com a qual trabalhei durante o último ano, e vice-versa. Recordo docemente estes momentos passados com as pessoas com as quais travei amizade no último ano. Afinal são as pessoas à nossa volta que nos fazem sentir em casa.
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Parte I: A nossa sorte é a medida da nossa vontade
Parte II: A nossa sorte é a medida da nossa vontade
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