Esperar. Esperar pela avaliação que os outros fazem de nós é esperar pelas projeções que fazemos de nós mesmos. Pelos nossos medos mais profundos ou pelos nossos sonhos demasiado altos.
A situação é a seguinte:
Candidatei–me a um programa que avalia as minhas qualificações profissionais e pessoais e que, com base nisso, me vai enviar para um país e para um trabalho em qualquer lado do mundo, a fazer o que quer que seja que achem que eu deva e consiga fazer.
Candidatei-me. Coloquei em evidência todas as conquistas que fiz até hoje. A licenciatura e o mestrado que tirei, o livro que escrevi, o voluntariado que fiz e todas aquelas atividades extracurriculares que me fazem escapar da mundanidade e que, presunçosamente, acredito que me ajudem a evidenciar do resto dos candidatos.
Fui aceite para partir para o estrangeiro. Agora falta saber para onde.
Campus INOV Contacto:
O Campus INOV Contacto é um curso de práticas internacionais de cinco dias que prepara os jovens antes da sua partida para o estrangeiro. Este ano decorreu de 18 a 22 de Fevereiro na Nova SBE em Carcavelos e recebeu 281 jovens estagiários. Foram cinco dias de conferências sobre práticas internacionais, com vários convidados e conversas inspiracionais sobre carreiras, liderança, culturas, globalização e muitos outros temas.
O importante aqui é que finalmente chegou o momento de descobrir para onde ia, de entre os mais de 80 destinos possíveis.
Para prolongar a angústia e o sofrimento de todos nós, apenas no último dia do Campus é que ficámos a saber para que país iamos viver e onde iamos trabalhar nos próximos seis meses.
Crente de que estava ali graças a um golpe de sorte mais do que graças a um currículo extraordinário, transitei entre momentos de altas expectativas e momentos de uma indiferença imensa desprovida de qualquer desejo ou ânsia. (medida de autoproteção ativada, em caso de desilusão, check).
Esperava ser enviada para um país distante e exótico, com uma cultura diferente e desafiante, de preferência a fazer jornalismo ou trabalho humanitário numa ONG. No entanto e acima de tudo, desejava profundamente fazer um trabalho que realmente gostasse.
Ainda antes de me candidatar, sabia que o INOV Contacto tinha parcerias com organizações que me interessavam… uma delas em particular. No entanto, nunca o verbalizei, nunca o disse em voz alta. Talvez porque não acreditasse ser possível. Não eu. Alguém sim, mas não eu.
Quinto e último dia do Campus.
O burburinho que se fazia ouvir no auditório era maior que o habitual. Era hoje. Os próximos seis meses da minha vida iam ser definidos por aquele preciso momento.
Dentro de instantes, uma tela gigante anunciava, em primeiro lugar, o nome do candidato, em segundo, a empresa para onde iria trabalhar e, por último, o país. Quando os seus nomes eram lidos em voz alta, os candidatos tinham de se levantar. A divulgação de todos os destinos iam durar cerca de duas horas. Afinal éramos 281 estagiários.
Primeira tela….
Segunda tela…
Terceira tela…
Chamam o meu nome, é o primeiro da lista…
“Eu, já?”. Levanto-me.
(Inquietação disfarçada)
Os colegas com quem travei amizade diziam o meu nome, desejavam-me sorte e incentivavam-me – incentivávamo-nos uns aos outros – porque tudo ali era incerto e, no turbilhão de expectativas, o certo era o apoio sucessivo que dávamos uns aos outros, durante todos os dias daquela semana.
Repetem o meu nome, apenas para anunciar, logo de seguida que esta eterna insatisfeita vai trabalhar para as Nações Unidas, em Bruxelas, Bélgica.
“Não acredito. Não é verdade. Alguém sim, mas não eu…
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