Na hora de escolher a escola dos filhos as famílias procuram aliar um bom sistema de ensino com a proximidade de casa. Mas há quem queira mais e procure locais com mais ofertas, que promovam o desenvolvimento de outras capacidades. Ao longo de duas semanas, visitei cinco escolas certificadas, que usam pedagogias de ensino menos convencionais.Fica a conhecer a Boa Ventura Montessori School que usa o método Montessori.
À entrada do colégio Boa Ventura Montessori School, em São João do Estoril, está um menino com cerca de quatro anos a tirar os sapatos que não entram dentro da escola, e a calçar as pantufas. A educadora fala com ele em inglês e o menino responde fluentemente. A comunicação é toda feita nesta língua e o ambiente é multicultural.
Criado pela pedagoga holandesa Maria Montessori, a principal particularidade deste método é a utilização de material didático para desenvolver as habilidades intelectuais, sociais, motoras e sensoriais da criança. A Ventura Montessori School já existe há 19 anos, exige fôlego financeiro dos pais, e de momento tem 17 alunos com 11 nacionalidades diferentes.
Aprender com base nos cinco sentidos
Na primeira sala que se chama “rainbow” (arco-íris) existem várias caixas com jogos de madeira, proporcionais ao tamanho dos mais pequenos. Cada jogo tem uma função diferente e bastante específica. Uma das caixas reúne um conjunto de placas com letras do abecedário sendo que cada letra tem um relevo diferente. O objectivo da criança é o de sentir o relevo e identificar outra letra que corresponda a esse mesmo relevo. Esta é uma das características do Método Montessori, que desenvolve o sistema sensorial das crianças de forma lúdica enquanto incentiva a aprendizagem de conceitos como a soma, a subtração, a multiplicação e a divisão.
Num dos armários, com o tema “daily life” (dia-a-dia) existem tabuleiros com pequenas taças com massa. O objetivo da criança é o de simular uma refeição sem deixar a massa cair para o tabuleiro. Também existem outros brinquedos semelhantes, onde as crianças aprendem a calçar os sapatos e a estender roupas em miniatura. Quando terminam a brincadeira, as crianças arrumam os brinquedos nas caixas e colocam-nas no armário.
Utilizar materiais didáticos para atrair a atenção do aluno e estimular o conhecimento em áreas como o cálculo e a literatura são, como diz Adélia Lopes, ferramentas que garantem o crescimento equilibrado das crianças na sociedade:
“A Maria Montessori tinha uma frase que dizia ‘Ajuda-me a ajudar-me a mim própria’. É isso que nós fazemos”, conclui.
Ao educador cabe incentivar a criança que é livre de escolher os materiais a usar. “Damos liberdade à criança para que, dentro de um determinado ambiente, ela toque, experimente e sinta ao mesmo tempo que aprende”, explica a diretora da Ventura Montessori School, Adélia Lopes, que acredita que a melhor idade para a aprender línguas é de um ano até aos seis anos de idade.
É também por essa razão que todas as crianças, independentemente da nacionalidade, comunicam em inglês.
As refeições são uma tarefa a cargo dos pais. “Devido às diferenças culturais, as crianças trazem o comer de casa”, diz a diretora, à medida que mostra pequenas caixas criteriosamente separadas pelos nomes dos alunos. As crianças que estão a almoçar têm cerca de três anos e a maior parte delas já come sozinha.
Bilhete de identidade da Boa Ventura Montessori School
A escola Boa Ventura Montessori tem como base o método Montessori, que utiliza material escolar específico para desenvolver as capacidades sensoriais, intelectuais e físicas das crianças de forma lúdica.
Idades: Só tem ensino pré-escolar e aceita crianças dos 3 meses até aos 6 anos.
Horário: Funciona das 9h às 15h em horário normal, e em regime de prolongamento das 15h às 17h.
Preços: O pagamento é feito trimestralmente. Se os pais optarem por colocar o filho em regime de tempo inteiro o preço fica a 2300 euros por trimestre. Já o regime de meio tempo o preço fica a 1950 por trimestre. Se os pais optarem por colocar o filho apenas alguns dias da semana o preço fica a 45 euros por dia. Pagam-se 10 meses por ano e a inscrição e seguro escolar custam 500 euros.
Esta série de reportagens foi desenvolvida enquanto estagiária no jornal Expresso.
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